sábado, novembro 29, 2014

RAUL: O ÚLTIMO REVOLUCIONÁRIO










Faz 25 anos que o último revolucionário se foi. Pegou o seu trem das 7 e partiu. Mas as suas ideias, seu sonhos ficaram para sempre.
Raul dizia: “sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonho juntos, é realidade”.  Raul despertava amor e ódio ao mesmo tempo, era um homem a frente do seu tempo, e não  tinha meias verdades e sempre ia fundo, quando um assunto lhe despertava a curiosidade.
Era um estudioso da alma humana, por ser humano demais. Pessoa simples, de gestos e atitudes simples.
Raul moleque maravilhoso, o artista, o cantor, o pensador, o maluco beleza, o homem esposo, pai de família, que buscava a sua verdade na inquietude de um coração, que vivia sempre em ebulição.
Nos palcos ele cantava em inglês – How Could I Knlow – (Como eu Poderia Saber) 1973.
- Você tem seu lápis, sua guitarra, seu amplificador, procurando, esses mentirosos, frouxos, você vai por fogo no mundo, como Nero fez sem Roma.
Já passou muito tempo, desde que o Último Revolucionário se foi.
Quem sabe você será o próximo a entrar para a história?
Em 1974, foi preso e torturado pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Baseada nos escritos de Aleiste Crouley e foi curtir um exílio nos Estados Unidos. O LP Gita se tornou um grande sucesso de vendas e Raul retornou ao Brasil, se transformando e se metamorfoseando, no Maluco Beleza que o Brasil passou a admirar, até os dias de hoje.
O revolucionário que cantava, minha guitarra é a arma na mão, faz o que tu queres, pois é tudo da lei...
E cantava sempre o seu hino: “Viva, viva a sociedade alternativa”. O tempo passa e o seu recado continua sempre atual, Raul foi um visionário genial, maluquez e lucidez, faziam parte do mesmo caldeirão de possibilidades. O cara era uma verdadeira metamorfose ambulante, que dizia e desdizia ao mesmo tempo, mas sempre perseguindo os caminhos da sabedoria.
Raul foi a mosca na sopa dos generais da ditadura e cantava “dentadura postiça” (entrelinhas “ditadura postiça), que vai cair, vai descer.
E a ditadura continua maquiada na educação, na saúde, na cultura, na vida real, etc.
Raul sempre dizia: “Sou da geração do pós-guerra, sou homem que vive as suas verdades...
E falava sempre: que o mel é doce, isso é coisa que me nego afirmar, mas que parece doce, eu afirmo plenamente. E afirmava: ”Mamãe não quero ser prefeito, pode ser que seja eleito e eles podem querer me assassinar... mentir sozinho eu sou capaz e que entrar pra história é com vocês”.
Mas Raul entrou para a história da música brasileira, se tornou o pai do rock brasileiro. Reclamou, fez barulho, tirou onda, apanhou dos militares, deu a volta por cima e cantou: “Tente, levante sua mão sedenta e recomece a andar, não pense que a cabeça aguenta, se você parar, tente outra vez”.
Raul era como Fênix, sempre renascia das cinzas, com a teimosia brava de guerreiro, afirmava que a solução era alugar o Brasil...ninguém suportava mais, Ali Babá e os 40 ladrões, nós não vamos pagar nada?
E dizia: “Pena eu não ser burro, não sofria tanto”.
E Raul sofria com as mazelas de um país, que não saia do lugar e ainda não sai e vai ser sempre de terceira.
E cantava: “quero ser o homem que sou, dizendo a verdade, somente a verdade...”.
Perseguido pela censura ele reclama: “senhora dona persona, não tire mais um filho de mim...” - (Isso se referindo as músicas) eu não peço que me sigam, o homem passa e as músicas ficam.
E por fim já debilitado, por tanta luta inglória, Raul cantou em “Carpinteiro do Universo” – o meu egoísmo é tão egoísta, que o auge do meu egoísmo, é querer ajudar.
E gritou:, oh! Seu moço do disco voador, me leve com você, aonde você for, porque eu devia estar contente, mas confesso abestalhado, que eu estou decepcionado, passando fome de tudo, aqui na cidade maravilhosa e morrendo de tédio, de solidão e incompreensão...
E por fim cantou: “Eu vou embora apostando em vocês, meu testamento, deixo minha lucidez, vocês vão ter um mundo melhor que o meu”. E partiu deixando a certeza que o homem deve lutar, pelos seus sonhos, para poder ter paz...
Raul Seixas foi incompreendido, por ser verdadeiro e não esconder suas verdades. Na música - Metrô Linha 743 – disse: “O prato mais caro, do melhor banquete, é o que se come, cabeça de gente que pensa, e os canibais de cabeça, descobrem aqueles que pensam, porque quem pensa, pensa melhor parado”.
E assim se foi o franco atirador, que usava as palavras como arma, contra o monstro SIST, como ele dizia.
Raul era o verdadeiro calcanhar de Aquiles, que incomodava. Raul até respirando já incomodava, tal era a sua verve criativa.
Por isso o Brasil ainda grita bem alto, TOCA RAUL!!!
“Você pode não estar dentro da Sociedade Alternativa, mas a sociedade alternativa, sempre esteve dentro de você”
Raul Santos Seixas

Escrito por LUIZ LIBANO DE ANDRADE

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